Este website é dedicado à memória de João Miguel dos Santos Simões (1907-1972), figura maior da História da Arte em Portugal, com especial destaque para a História da Azulejaria.
O projecto "Lisboa em Azulejo antes do Terramoto de 1755" do Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa nasceu em 2008 de uma parceria estabelecida com a Rede Temática de Estudos de Azulejaria e Cerâmica João Miguel dos Santos Simões, ao tempo no Museu Nacional do Azulejo e sob coordenação de Susana Varela Flor. Este projecto foi candidato a financiamento no concurso de projectos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico em todos os domínios científicos, promovido pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), tendo obtido aprovação em 2009, num valor global de € 152.625,00. O arranque oficial do projecto remonta ao mês de Março de 2010.
O "Grande Panorama de Lisboa" à guarda do Museu Nacional do Azulejo (MNAZ, nº inv. 1) constituiu o objecto de estudo deste projecto que contou com o apoio das sucessivas direcções, nomeadamente os Drs. Paulo Henriques, Fátima Dias Loureiro e Maria Antónia Aleixo Pinto de Matos. O trabalho de investigação desenvolvido centrou-se no essencial na análise histórica, artística e laboratorial do painel de azulejos.
Com efeito, tal empresa que se afigurou morosa e complexa desenvolveu-se ao longo de mais de seis anos e visou o conhecimento em profundidade da evolução iconográfica da cidade de Lisboa durante o período tardo-medieval e moderno (sécs. XV-XVIII), bem como o estudo da iconografia dos principais monumentos da cidade, tendo em conta não só a tradição de representação da mesma ao longo dos séculos, mas também a especificidade material do suporte em que foi concebida.
Na tentativa de alargar o conhecimento sobre a história da cidade e da azulejaria, a equipa mostrou-se empenhada na pesquisa arquivística, em particular nos fundos documentais menos prospectados para assim assegurar a novidade da investigação. A necessidade de voltar às fontes documentais evitando assim perpetuar erros antigos de transcrição foi imperiosa com resultados muito satisfatórios. O inesgotável acervo da Torre do Tombo, além do Arquivo Histórico do Patriarcado, do Arquivo Municipal de Lisboa ou do Arquivo do Tribunal de Contas e de outros arquivos públicos e particulares, cujo acesso foi amavelmente autorizado, revelaram-se vitais para um maior entendimento do historial dos edifícios representados no "Grande Panorama de Lisboa" e do perfil sócio-cultural dos artistas e artífices que neles intervieram ao longo da época moderna.
A busca de bibliografia actualizada e a construção de novos textos que colmatassem a falta dela (sobretudo de alguns edifícios/lugares sobre os quais não havia notícia histórica relevante ou consistente) foram igualmente tarefas constantes ao longo dos anos. A extensão do painel de azulejos e a diversidade iconográfica apresentada exigiram cuidados redobrados na recolha e análise de dados e prolongaram a actividade de investigação da equipa para lá dos três anos da execução financeira do projecto.
Um projecto desta natureza e extensão implica critérios de escolha e definição de prioridades. Infelizmente, não foi possível concluir para já a tradução da totalidade do conteúdo do website, empreitada que em fase posterior será concluída. Além disso, a constituição e o crescimento dos dicionários associados a este projecto mantém-se em actualização pelo que nunca serão considerados concluídos pela equipa, dada a vastidão dos dados a carrear e a investigar no futuro próximo. No entanto, não faria sentido esperar indeterminadamente pela conclusão de tais partes do projecto para só depois lançar na internet os resultados. Optámos por isso pela publicação parcelar dos dados já apurados para benefício dos interessados e do público em geral.
Em suma, o projecto que ora se apresenta neste website pretende espelhar o esforço de todos aqueles que participaram e contribuiram com o seu trabalho e empenho para sabermos mais sobre o "Grande Panorama de Lisboa" (c. 1698-99) do Museu Nacional do Azulejo e sobre a Lisboa anterior ao terramoto de 1755, em particular a história, a arte e o património que encerrava no tempo do rei D. Pedro II.
Pedro Flor
(Investigador Responsável do projecto PTDC/EAT-EAT/099160/2008)
