A data da execução do Grande panorama de Lisboa deve ser encontrada entre os anos de 1698 e 1699, tratando-se portanto de uma obra seiscentista e espelho da cidade ao tempo do reinado de D. Pedro II. Todos os dados documentais até agora reunidos apontam para as figuras de Álvaro e António Ferreira de Macedo como possíveis encomendadores do painel para revestir um dos espaços do Palácio de Santiago, outrora morada dos Condes de Tentúgal mas deixou de o ser, logo no início do século XVII.
Imbuída de um espírito revelador de uma clara ascensão social, a família Ferreira de Macedo ostentava na sua morada elementos iconográficos em torno da órbita régia, reavivados pelo regresso a Lisboa de D. Catarina de Bragança.
A atribuição a Gabriel del Barco deverá ser mantida, considerando-o mestre principal de tão extensa campanha. Todavia, saliente-se a extraordinária coincidência da presença única no Palácio de Santiago, para o ano de 1700, de Manuel dos Santos, possivelmente o pintor do círculo de Barco, e de Manuel da Costa, pintor de azulejos, como eventuais colaboradores, numa época em que a oficina assegurava outras empreitadas.
A presença do retrato da cidade como motivo decorativo de duas salas do Palácio de Santiago parece traduzir justamente o sentido da posse simbólica da capital e a consagração da ascensão social e financeira da família no contexto político e cultural da Lisboa do final de Seiscentos.