Lisboa em Azulejo

09. APRESENTAÇÃO MUSEOGRÁFICA

A Apresentação Museográfica da Grande Vista de Lisboa, de 1903 à actualidade.

Sendo uma das mais relevantes peças da colecção do Museu, e da própria azulejaria portuguesa, a Grande Vista de Lisboa tem sido entendida, enquanto objecto museográfico, como uma unidade com uma extensão de cerca de vinte e um metros, sendo esta a principal condicionante a considerar na sua apresentação ao público. Desde logo, a sua dimensão impõe a sua colocação nos espaços físicos que, dentro de cada instituição, a podem conter enquanto unidade, mesmo que não sejam os mais recomendáveis em termos de conservação. A sua presença, durante cerca de quatro décadas, no piso superior do claustro do antigo mosteiro da Madre de Deus, local onde se encontra instalado o Museu Nacional do Azulejo, confirma-o.

Por outro lado, se a importância iconográfica desta peça, enquanto repositório do que foi a cidade de Lisboa, cerca de 1700, e a sua raridade no contexto da azulejaria portuguesa, impõem a sua visibilidade enquanto obra de referência de uma colecção, em simultâneo, restringem a sua circulação, destinando-a a ser visitada no Museu. A este propósito, João Castel-Branco Pereira, director do Museu Nacional do Azulejo entre 1987 e 1997, responsável pelo inventariar da colecção e pela actual musealização do antigo mosteiro da Madre de Deus, escreveu em 1992, um ano passado sobre a apresentação da Vista na Europália 91, em texto em co-autoria: “É, com efeito, um dos mais impressionantes painéis de azulejo produzidos em Portugal, nas dimensões e na raridade da iconografia. Deve-se pois considerar a sua apresentação fora do museu (Bruxelas, Setembro – Dezembro 1991) como um acontecimento a não repetir.”[1]

Se a importância para a afirmação internacional da arte portuguesa impôs, ainda, a presença da Grande Vista de Lisboa na exposição The age of the baroque in Portugal, na National Gallery of Art, em Washington,[2] já o mesmo não aconteceu por altura da exposição As colecções do Museu Nacional do Azulejo de Lisboa que, em 2008, por ocasião das comemorações da chegada da família Real portuguesa ao Brasil, levou ao Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso, Galeria de Arte do Sesi, em S. Paulo, uma parte muito significativa do acervo do Museu (136 peças). Aí, num projecto museográfico que teve a autoria de Haron Cohen, a Grande Vista de Lisboa foi reproduzida, através de fotografias, à escala, e apresentada numa janela panorâmica para a avenida Paulista, criando nos transeuntes a ilusão de que estavam a ver o painel original, e funcionando enquanto divulgador da exposição. Na parte final do núcleo dedicado ao século XVII desta apresentação, a Vista surgia, de igual modo, reproduzida fotograficamente, desta feita numa escala reduzida, mas com indicações assinalando os principais edifícios representados.

Entre a viagem a Washington e a apresentação fotográfica em S. Paulo, a classificação, pelo Decreto nº 19/2006 de 18 de Julho, da Grande Vista de Lisboa como Bem de interesse nacional ficara como condicionante decisiva para eventuais deslocações deste painel, nomeadamente para o estrangeiro.

João Miguel dos Santos Simões, nome incontornável no estudo e classificação da azulejaria portuguesa, e figura de museólogo a quem se deve a instalação do Museu do Azulejo no antigo mosteiro da Madre de Deus, chamou a atenção, em estudo intitulado Iconografia Olisiponense em Azulejos, para as dificuldades da apresentação permanente, no espaço de um museu, de um painel com estas características: “A enorme panorâmica que concentra em 21 metros de longo a margem norte do Tejo, entre Algés e Madre de Deus, esteve, como se disse, no Museu Nacional de Arte Antiga, a cujo fundo pertence. O espaço que exige para condigna apresentação foi, desde sempre, óbice relevante para a sua exposição e, assim, tem ocupado vários locais, nenhum respondendo bem aos ditames museológicos. Logo inicialmente – em 1903 – a montagem dos azulejos no longo painel foi, ao que parece, condicionada ao espaço disponível – parte do átrio de entrada do antigo Palácio dos Condes de Alvor, vulgo «das Janelas Verdes» – e, sabemo-lo agora, foi a panorâmica encurtada com omissão de alguns azulejos dos extremos.” [3]

Ainda em relação à extensão deste painel, no mesmo estudo Santos Simões concluía, o que é hoje um dado adquirido, que o painel não foi, de origem, concebido como uma unidade, e salientava que tivera uma moldura que não chegara aos nossos dias: “Pelo estudo das coordenadas deduzo que, inicialmente, a Grande Vista de Lisboa não seria constituída por um único painel, tal como tem sido exposta, mas que estaria dividida em troços de número irregular de peças, provavelmente de acordo com os espaços onde estavam montados. Também se verifica que os painéis agora descobertos – e provavelmente todos os outros – tiveram sua moldura constituída por barra de dois azulejos de largura, o que era aliás caso normal.”[4]

A questão da apresentação da Grande Vista de Lisboa poderá ter sido colocada pela primeira vez quando, em 1876, estes azulejos foram vendidos por Francisco de Sande Salema, então proprietário do Palácio dos condes de Tentúgal, em Lisboa, ao Marquês de Sousa Holstein, à época Vice-Inspector da Academia Real de Belas Artes, pela quantia de 600$000.[5]

Efectivamente, até pelo menos ao ano de 1890 não terão sido expostos na Academia Real de Belas Artes, a fazer fé no testemunho de Júlio Castilho que nesse ano escreveu: “Eu nunca os vi; por não haver sala na Academia onde se espalmasse esse precioso painel, foram todos os azulejos numerados e encerrados em caixas, onde ainda se conservam.”[6] Podemos ficar na dúvida que se tratava mesmo da Grande Vista, pois Castilho acrescenta no mesmo texto: “Diz-me pessoa que muita vez os examinou, indo ali visitar, antes de 1854 ano em que faleceu o proprietário Francisco de Sande Salema, que representavam uma formosa cavalgada de cavaleiros seiscentistas num terreiro ou praia, servindo-lhes de fundo um enorme quadro da Lisboa do tempo, com vastas dimensões, que permitiram desenhar com muitos pormenores os monumentos e as casas.”[7]

Só em 1904, quando pela primeira vez Júlio Castilho pôde observar a Vista, na “vasta loja ou vestíbulo” do Palácio das Janelas Verdes, futuro Museu Nacional de Arte Antiga, se deu conta da informação errónea que recebera: “Não há cavalgada no primeiro plano do quadro; a cidade aparece desafrontada em toda a sua extensão, e como que vista do Tejo. É tudo um verdadeiro encanto, pela graça e exacção do desenho, pelas suas dimensões, que deixam estudar bem os edifícios, pelas figurinhas que povoam a praia e as praças, por tudo, enfim, quanto concorre para tornar esta vastíssima página cerâmica em um dos retratos mais fidedignos (se não o mais fidedigno) da nossa Lisboa.”[8]

Depois de várias décadas de ocultação, o painel encontrava-se, desde 1903, “(…)emplastrado a gesso sobre um muito extenso quadro de madeira, e à vista de quem o quer estudar.”[9] Em 1938, data em que Vieira da Silva escreve um aditamento à segunda edição de Lisboa Antiga, de Júlio Castilho, refere que os azulejos “estão hoje encaixilhados em dez painéis, e patentes ao público no átrio do Museu.”[10]

O ano de 1947 é uma data de grande importância na valorização da azulejaria portuguesa, assim como da sua apresentação museográfica. Preocupado em afirmar o azulejo como categoria autónoma da cerâmica, João Miguel dos Santos Simões que, por convite de João Couto, era o responsável pela secção de cerâmica do Museu Nacional de Arte Antiga, promove, nesse ano, a 6ª Exposição Temporária de Azulejaria, primeiro passo que pretendeu dar neste Museu para autonomizar e dignificar o azulejo enquanto objecto museológico.

Ainda que de forma efémera, a exposição esteve patente ao público apenas entre 1 de Maio e 1 de Julho desse ano, Santos Simões foi bem sucedido nos seus intentos, permitindo-se concluir que “o azulejo continha, só por si, interesse artístico e museológico bastante para poder ser encarada a sua apresentação independentemente da cerâmica propriamente dita”.[11]

Naturalmente, a Grande Vista de Lisboa esteve presente nesta exposição, que apresentou cerca de 70 peças, abrindo o catálogo. Neste é mencionado como “Alizar de 149 x 8 azulejos, mostrando a vista panorâmica de Lisboa, desde o antigo Convento de S. José-de-Ribamar (Algés) até à Igreja da Madre-de-Deus (Xabregas).”[12] Dois esboços desenhados a lápis por Santos Simões, um dos quais mais completo, referenciado como “Plano Ideal para a Exposição Temporária de Azulejaria no Museu Nacional de Arte Antiga”, permitem-nos visualizar a colocação da Vista nesta exposição no átrio (referido no catálogo como vestíbulo) do Museu, sendo a peça que abria a exposição.[13]

De qualquer forma, finda esta mostra, voltou-se a colocar o problema da apresentação, no Museu Nacional de Arte Antiga, da sua colecção de azulejaria, o qual se prendia, essencialmente, com questões de espaço. Em texto de 1962, Santos Simões recorda: “A título experimental, transferiram-se alguns azulejos para uma longa sala-corredor, à ilharga do grande átrio-salão do Edifício Novo, onde ficou exposta a Grande Vista de Lisboa, mas em breve se reconheceu que a instalação era não só insuficiente como pouco apropriada às espécies.”[14]

O problema da falta de espaço no Museu Nacional de Arte Antiga para expor a colecção de azulejos só começou a ficar resolvido com a decisão de a transferir para o mosteiro da Madre de Deus, anexado ao Museu das Janelas Verdes em 1932, aí se instalando um museu dedicado exclusivamente ao azulejo. Na verdade, a realização, neste mosteiro, em 1958, da Exposição Comemorativa do V Centenário do nascimento da Rainha D. Leonor, permitira dar a este espaço condições museográficas que importava aproveitar.

Em Janeiro de 1959, Santos Simões fez esta sugestão a João Couto[15], vindo, um ano depois, a elaborar uma proposta para a criação do Museu do Azulejo[16] cuja aprovação superior chegou em Março. Em Outubro do mesmo ano, o Director do Museu Nacional de Arte Antiga, Dr. João Couto, ordenou a transferência dos azulejos deste museu para a Madre de Deus, encarregando Santos Simões da missão de aí instalar um núcleo museológico, guiando-se pela estrutura da 6ª exposição temporária.[17]

Debatendo-se o Museu do Azulejo com falta de meios, foi necessário que, em 1961, o Director do Museu Nacional de Arte Antiga recorresse aos Amigos do Museu para que a Vista de Lisboa, “obra muito importante”, fosse montada na Madre de Deus. Prevendo o trabalho de um carpinteiro, um ajudante e a aquisição de material, o orçamento somava 3.050$00.[18]

Os seus intentos foram bem sucedidos, escrevendo Santos Simões em 1962: “(…) o recurso à generosidade dos «Amigos do Museu de Arte Antiga» permitiu que se terminasse a transferência e montagem da Grande Vista de Lisboa, trabalho de grande responsabilidade e que pôs à prova as possibilidades do pessoal.

A soberba panorâmica, acrescentada com dois painéis recentemente «descobertos» entre os lotes recebidos das arrecadações do Museu das Janelas Verdes, encontra-se exposta na galeria sul do claustro e foi, portanto, a primeira unidade do futuro Museu do Azulejo.”[19]

No ano anterior, João Miguel dos Santos Simões escrevera um estudo intitulado “Iconografia Olisiponense em Azulejos”, acima referido, no qual se congratulou dizendo: “Encontra-se já a Grande Vista de Lisboa na sua nova instalação, integrada como jóia principal do Museu do Azulejo, dependência do Museu Nacional de Arte Antiga, no antigo Mosteiro da Madre de Deus.”[20]

Neste texto, relata a emoção com que descobriu, entre os azulejos transferidos do Museu Nacional de Arte Antiga, “a grande maioria dos quais se encontrava encaixotada ou amontoada a granel”, parte da Grande Vista de Lisboa, em que se permitiu “reconhecer nos edifícios o antigo Convento de Xabregas, ou seja, supor que estes azulejos constituiriam a continuação da grande panorâmica para o lado do Nascente.”[21]

Dias depois viria a encontrar outra parte do painel sendo-lhe “possível identificar alguns dos acidentes iconográficos com o sítio de São José de Ribamar”, ou seja o “outro extremo da panorâmica dos Condes de Tentúgal”.[22]

Naturalmente, ao expor na Madre de Deus a Grande Vista de Lisboa Santos Simões acrescenta-lhe as partes descobertas. O seu estudo encerra, exactamente, com a referência a estes acréscimos, regozijando-se o autor com o facto da Vista poder “ser estudada em todos os numerosos e riquíssimos pormenores, tantos e tão preciosos que chegam para ocupar as atenções de quantos a queiram interrogar.”[23]

Em documento, datado de Janeiro de 1965, referente a “TRABALHOS E MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA A INAUGURAÇÃO”, escreve-se ”2 Vasos com plantas para limitar a “Vista de Lisboa”.[24] Já uma informação de 12 de Dezembro de 1967, redigida por Santos Simões, permite-nos saber que a Grande Vista de Lisboa continuava exposta na galeria sul do piso superior do claustro. Dizendo-se que o Museu poderia ser aberto ao público tal como se encontrava, propunha-se, no entanto, que se “abreviassem os trabalhos de pequenas reparações e acabamentos”, entre os quais, no ponto 4, uma “Base de alvenaria (ou de outro material conveniente) para o painel da “Grande Vista de Lisboa”, na galeria do Sul do piso superior do Claustro, substituindo a armação provisória de platex;”[25] Em Maio de 1970, este assunto encontrava-se por resolver, pois em acta de reunião convocada pela Inspecção Superior de Belas Artes com a finalidade de resolver os “problemas ligados à montagem e conclusão do referido museu”, pode ler-se: “Diante da Grande vista de Lisboa em azulejos – das espécies mais preciosas do Museu – reconheceu-se a necessidade da sua instalação definitiva”, acrescentando-se, manualmente, ao texto dactilografado, “em soco de pedra”.[26]

Tendo João Miguel dos Santos Simões falecido em 1972, no ano seguinte a Directora do Museu Nacional de Arte Antiga, Maria José de Mendonça, convidou o pintor Rafael Salinas Calado para se ocupar do Museu do Azulejo.

Por um desdobrável que corresponderá aos primeiros tempos de Rafael Calado como responsável do Museu – visto a publicação de um Roteiro, seguindo uma proposta de Santos Simões, ser referido num relatório de actividades de 1973,[27] –, sabemos que o painel da Grande Vista de Lisboa continuava exposto na galeria superior do claustro,[28]e aí continuava quando, em 1985, o Presidente do Instituto Português do Património Cultural, João Palma Ferreira, dera indicações no sentido deste voltar a apresentar a sua colecção.[29]

Isto porque, em 1983 o espaço da Madre de Deus recebera um dos núcleos da 17ª Exposição do Conselho da Europa, subordinada ao tema Os Descobrimentos Portugueses e a Europa do Renascimento e sido alvo, nos dois anos anteriores, de uma campanha de obras estruturais que visara já dotar o Museu, que desde 1980 passara à categoria de Nacional com instalações condignas.[30]

Com a nomeação, em 1987, de João Castel-Branco Pereira como director, o Museu Nacional do Azulejo entrou numa nova fase, desde logo procedendo-se, entre outras prioridades, ao início da inventariação sistemática da colecção, e à abertura de sucessivos núcleos da exposição permanente.

Encontrando-se uma parte muito significativa da colecção do Museu desmontada e acondicionada em caixotes, e parcialmente documentada pelos verbetes gerais do Museu Nacional de Arte Antiga, foi necessário dar-se início à atribuição de números de inventário do Museu Nacional do Azulejo, atribuindo-se, simbolicamente, o MNAz nº1 à Grande Vista de Lisboa, o qual permaneceu exposto na galeria sul do 1º andar do claustro.[31]

A decisão de levar este painel à exposição Azulejos, exposição que teve lugar em Bruxelas, integrada na Europalia' 91[32], e de grande importância para a afirmação internacional da azulejaria portuguesa, esteve na origem de uma intervenção de Conservação e Restauro no painel. Em comunicação, em Setembro 1992, ao 14º Congresso Internacional IIC – Madrid, esclareceu-se que “O painel estava seccionado verticalmente em 25 partes e colado em chapas de plexiglass, já bastante fissuradas, com cola de silicone aplicada sobre uma camada isoladora, de verniz.”[33] Segundo as co-autoras do texto, responsáveis pela intervenção, o painel encontrava-se em avançado estado de degradação, para o que tinha contribuído a colocação em suporte de plexiglass, a qual fora ““efectuada sem atenção a diversas regras básicas de preservação dos materiais”.[34]Salientava-se, ainda, que os “grandes esforços mecânicos a que o painel foi submetido nas operações de remoção e recolocação nos diversos locais e suportes em que esteve aplicado, bem como a elevada frequência com que foi manuseado e transportado no inícios dos anos 80, resultaram inúmeras fracturas e perdas de fragmentos.”[35] O painel foi então remontado em placas de aerolam, montagem que se mantém até à actualidade.

A exposição Azulejos esteve patente na Porte de Hal –, edifício que resta das muralhas medievais de Bruxelas, sucursal dos musées royaux d’Art et d’Histoire, restaurado para o efeito –, espraiando-se por quatro andares, com projecto do arquitecto belga Paul Vandebotermet.

Grande Vista de Lisboa ficou colocada à entrada do 2º andar, recebendo o visitante, disposta como se tratasse de um gigantesco diorama, procurando dar uma imagem de tridimensionalidade à representação pictórica da cidade. A tonalização bordeaux do fundo enfatizava o azul das aguadas, acentuando as diversas matizações da pintura.

Como se viu, a história da apresentação museográfica do painel esteve, desde 1947, intimamente ligada à figura de Santos Simões. Tendo sido transferido do piso superior do claustro para o 2º piso do Museu, em Novembro de 2006, é de saudar que tenha integrado, em 2007, a exposição que o Museu Nacional do Azulejo dedicou ao seu fundador, por ocasião do centenário do seu nascimento.[36] Esta nova apresentação da Grande Vista de Lisboa, ainda hoje patente ao público, foi um trabalho de requalificação da responsabilidade da arquitecta Célia Anica, autora também do projecto da exposição dedicada a Santos Simões. O painel encontra-se agora disposto como um panorama da cidade, percorrida pelo visitante como se o percepcionasse através de uma janela, dado encontrar-se distanciado do observador por um elemento arquitectónico aposto na base da estrutura que o recebe. A opção cromática escolhida para esta estrutura encontra-se em sintonia com a da exposição da Europália.

Não se apresentando, ainda, a extremidade ocidental, secção que aguarda intervenção de Conservação e Restauro, a identificação dos principais edifícios representados é feita através de legendas avulsas que acompanham, coladas sob o painel, toda a sua extensão.

Os painéis que se encontram na mesma sala, em posição frontal para a Vista, são alusivos à cidade de Lisboa. Desde a réplica do painel Lisbonne aux mille colours, que Paolo Ferreira concebeu para o pavilhão de Portugal na Exposição Internacional de Paris, em 1937, até a trabalhos de alguns dos mais qualificados artistas contemporâneos como são Cecília de Sousa, Manuel Cargaleiro e Querubim Lapa, na presente museografia todos são chamados ao diálogo com aquela que é, reconhecidamente, a mais significativa representação da capital portuguesa em azulejos.

 

João Pedro Monteiro

(texto redigido a 8 de maio de 2013)



[1]  Pereira, João Castel-Branco; Gomes, Maria Manuela Malhoa; Tavares, Deolinda Maria de Sousa; “The Treatment of Ancient Portugues Tiles” in 14th IIC International Congress, Madrid, September 1992, p. 112.

[2]  The age of the baroque in Portugal, exposição apresentada de 7 de Novembro de 1993 a 6 de Fevereiro de 1994. A Grande Vista de Lisboa figurou com o número de catálogo 1.

[3]  Simões, J.M. dos Santos, Iconografia Olisiponense em Azulejos, Lisboa, Museu do Azulejo, 1961, p. 10.

[4]  Idem, ibidem, p. 11

[5]  Sequeira, Gustavo de Matos; Depois do Terramoto – Subsídios para a História dos Bairros Ocidentais de Lisboa, Vol. I, Lisboa, 1916, pp. 496-498.

[6]  Castilho, Júlio de, Lisboa Antiga, Tomo VII, Parte II, Lisboa, 1890, p. 126. 

[7]  Idem, ibidem,

[8]  Castilho, Júlio de, Lisboa Antiga – O Bairro Alto, Tomo V, Lisboa, 1904, p. 377.

[9]  Idem, ibidem, p. 376.

[10]  Castilho, Júlio de, Lisboa Antiga – Bairros Orientais, 2ª edição, Lisboa, 1938, p. 199.

 

[11]  Simões, J.M. dos Santos, “Da Exposição Temporária de Azulejaria ao Museu do Azulejo (1945-1961)”, in Estudos de Azulejaria, Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2001, p. 263 (originariamente publicado in Boletim do Museu Nacional de Arte Antiga, 1962).

[12]  6ª Exposição Temporária. Azulejos. Catálogo. Lisboa, Março de 1947, p. 23.

[13]  Museu Nacional do Azulejo, Arquivo João Miguel dos Santos Simões, Pasta nº 97, 1945.

[14]  Simões, cit. 11, p. 263.

[15]  Simões, cit. 11, p. 263.

[16]  Museu Nacional do Azulejo, Arquivo Histórico, “ Museu do Azulejo – Proposta para a sua criação” (19 de Janeiro de 1960), Dossier n.º 1.

[17]  Simões, cit. 11, p. 265.

[18]  Museu Nacional do Azulejo, Arquivo Histórico, “ Ofício 57-M J. C: de 10 de Julho de 1961”, Dossier n.º1.

[19]  Simões, cit. 11, p. 265.

[20]  Simões, cit. 3, p. 24.

[21]  Idem, ibidem, p. 10.

[22]  Idem, ibidem, p. 11.

[23]  Simões, cit. 11, p. 23.

[24]  Museu Nacional do Azulejo, Arquivo Histórico, Fundo Documental de Santos Simões, Dossier nº 1, documento de Janeiro de 1965, p. 2

[25]  Museu Nacional do Azulejo, Arquivo Histórico, Dossier nº 1, Informação de 12 de Dezembro de 1967.

[26]  Museu Nacional do Azulejo, Arquivo Histórico, Dossier s/n, “MINUTA DA ACTA DA REUNIÃO NO MUSEU DO AZULEJO EM 25 DE MAIO DE 1970”.

[27]  Museu Nacional do Azulejo, Arquivo Histórico, “RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DO MUSEU DO AZULEJO DE 1973”, não assinado e não datado.

[28]  Desdobrável, Museu do Azulejo (Madre-de-Deus) Lisboa, Ministério da Educação Nacional, Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas Artes/ Museu Nacional de Arte Antiga, s. data.

[29]  Henriques, Paulo, “Na continuidade de João Miguel dos Santos Simões (1972-2006)” in João Miguel dos Santos Simões 1907 – 1972, Lisboa, Museu Nacional do Azulejo/Instituto dos Museus e da Conservação, 2007, p. 271.

[30]  Idem, ibidem, pp. 270-271; Mântua, Ana Anjos; “Do Museu do Azulejo ao Museu Nacional do Azulejo, in João Miguel dos Santos Simões 1907 – 1972, Lisboa, Museu Nacional do Azulejo/Instituto dos Museus e da Conservação, 2007, pp. 258-259.

[31]  Henriques, Paulo, cit. 29, p. 273.

[32]  Azulejos, exposição apresentada de 20 de Setembro a 29 de Dezembro de 1991. A Grande Vista de Lisboa figurou com o número de catálogo 67.

[33]  Pereira, João Castel-Branco; Gomes, Maria Manuela Malhoa, Tavares, Deolinda Ma ria de Sousa , cit. 1, p. 114.

[34]  Idem, ibidem, p. 9.

[35]  Idem, ibidem, p. 10.

[36]  João Miguel dos Santos Simões 1907-1972, exposição apresentada de 17 de Julho a 21 de Outubro de 2010. A Grande Vista de Lisboa figurou com o número de catálogo 37.

 

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